Jó encontrava-se já certo tempo sofrendo da cruel enfermidade que lhe fora imposta pelo adversário, sendo certo que a notícia de sua tragédia já havia se espalhado pelo mundo então conhecido. Três amigos seus vão visitá-lo e o quadro era de tanta desolação que, durante sete dias, os amigos nada fizeram a não ser chorar, ante o estado lamentável de Jó e se os amigos de Jó assim se sentiram ao ver o patriarca, como não estaria o próprio patriarca? Há situações na vida das pessoas que estão sofrendo em que o silêncio e a contemplação parecem ser a primeira atitude a ser tomada antes que possamos consolar ou tentar confortar alguém. A própria Palavra de Deus ensina resignação em situações como a que se encontrava Jó; Quando estivermos para acudir e ajudar alguém, devemos, sempre, ter o discernimento para que não saiamos a falar desenfreadamente em momento inadequado. Jó, após esta semana de silêncio e de lamentação, exterioriza todo o seu desânimo e toda a sua miséria, amaldiçoando o próprio dia do seu nascimento, a sua própria existência. Verificamos que o patriarca não se revolta contra Deus por causa da sua situação. Antes, havia adorado ao Senhor e reconhecido a Sua soberania, mas, diante de tanta dor, começa a questionar a sua própria existência; Percebemos que Jó não via sentido na sua existência, mas não se levanta contra Deus por ter existido. O que o patriarca quer é entender o que está se passando, entender a própria razão da existência humana. Jó ficara solitário, humilhado e sofrendo dores. Seu sofrimento maior era o sentimento de que Deus o abandonara. No seu discurso Jó disse a Deus exatamente como se sentia. Começou maldizendo o dia em que nasceu e sua vida de sofrimento, mas Jó não blasfemou contra Deus. Seu lamento era uma expressão de dor e desolação, mas não uma expressão de revolta contra Deus. Não é errado levarmos a Deus nossas aflições e angústias, a fim de invocarmos a sua compaixão. O próprio Jesus Cristo perguntou a Deus porque o havia abandonado. Jó em todo o tempo foi fiel a Deus, mesmo nos piores momentos, Amém.
Pra. Maria do Rocio